Citações

"Escabroso, delirante e assustador! Perfeito!" Por Drauzio Marqezini em 12/04/2012 no site Recanto das Letras.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Um pedaço de mau caminho






 1 - Desgraçado


 Nasceu com olhos azuis e parecia...
 - Um anjinho.
 Essa foi a frase da mãe ao ver o bebê, para piorar a situação o bastardinho veio com cabelo loiro e ganhou nome de anjo.
 - Vai se chamar Gabriel.
 Dã.
 Mais típico impossível, desde o começo foi mimado. O pequeno gordinho mal saiu do hospital e era convidado a fazer comerciais. E foi enriquecendo os pais ainda sem saber limpar a bunda sozinho.
 Foi crescendo e habituando-se a receber de pronto seus desejos. Com oito anos, descobriu o valor de um rosto para o mundo.
 Estava na escola e roubou o giz colorido do Paulinho, a professora descobriu e veio tirar satisfação.
 - Gabriel. Isso não se faz...
 Ainda nem tinha beijado alguém e descobriu o cinismo.
 - Mas professora esse giz é meu.
 O Paulinho tinha um histórico horrível, batia em todo mundo e ferrava tudo mas ladrão, ladrão não era.
 - Ele tá mentindo professora!
 Doeu no querubim ser contrariado em sua farsa.
 - É meu sim. É meu sim.
 Começou a chorar como um rio, chorava de raiva.
 Vendo que o artifício não funcionava apelou, partiu para pancadaria. Nunca havia batido em ninguém. Talvez por isso tenha sido tão brutal, tão primitivo. Pegou o parrudo Paulinho de surpresa, este caiu para trás e perdeu dois dentes.
 Paulinho levantou com olhos de um carniceiro. Num salto avançou sobre o anjinho.
 Mas um braço forte o conteve de sua satisfação imediata. Era o diretor da escola que passava por ali.
 Gabriel levou sua mentira até as últimas consequências, como reparação, Paulinho foi expulso da escola.
 Neste mesmo dia esperou a saída de Gabriel da escola. Mas os pais do modelo-mirim foram buscar.
 - Não deixo mais meu filho nesta escola de ladrões.
 Sentenciou a mãe e o mudou para a melhor escola paga da região.
 Já o Paulinho; além de perder dois dentes levou uma surra ainda maior do Paulão, o pai, que era famoso por ter mão pesada e praticar boxe no filho.
 - Acho que o Gabriel vai precisar de terapia depois desse trauma, ele ficou tão mal que até bateu no ladrãozinho.
 A terapia do Paulinho pra aprender a não mexer com anjos foi de vários hematomas pelo corpo.
 Gabriel. Boa aparência, bem de vida, requisitos essenciais para surgir um desgraçado.



 2 - A puberdade dos anjos


 Nunca mais bateu em ninguém. Não precisava. Era conhecido na escola por ser o garoto do comercial de tênis.
 Desconhecia as notas vermelhas, era favorecido por professores e amigos diversos. As colas apareciam sem pedir e as associações para trabalhos escolares eram com os melhores da sala.
 Conseguia tudo muito fácil mas e daí? Isso não era novidade para ele.
 Com treze anos então.
 Choviam gibis, carrinhos em miniatura para coleção e bilhetinhos de amor juvenil. Um dia se pegou olhando as formas que teimavam em ser generosas da professora de Biologia.
 Pronto. A puberdade chegou com um tesão chocante, incontrolável. Então o puto ligou os pontos.
 Se a aparência lhe abria portas, porque não abriria as pernas das meninas da sala? Em pouco tempo já tinha até um alvo.
 Chamava-se Nara e já tinha corpo de mulher semi-pronta. Gabriel até riu da idéia.
 "Um ano atrás eu só pensava em jogar com meus amigos, agora tudo que quero é essa menina nua."
 Lembrou da antiga Nara, a magrelinha que vivia colecionando cartões, agora uma gostosinha de seios empinados.
 Ao tentar a aproximação teve de disfarçar sua ereção. Os pais iam sair no fim de semana e ele ia ficar algumas horas sozinho.
 - Nara, quer ir fazer o trabalho de Ciências Sociais lá em casa neste fim de semana?
 Ela deu um sorrisinho com as amigas, Gabriel escutou uma delas sussurrar no ouvido de Nara.
 - Vai! Você tem sorte.
 Os olhos verdes o fitaram.
 - Vou sim, que horas?
 Foi simples assim, ele não havia se tocado mas todas as meninas da sala já o olhavam diferente. Realmente elas crescem mais rápido.
 Pensou.
 "Tenho que aproveitar então."
 E tascou um beijo na menina, essa se movia como num filme, para que todos na escola pudessem vê-la beijar um anjo.


 Então naquela patética sexta-feira ele exercitou sua masturbação pensando no sábado. Sua mãe demorou a sair com o pai no dia da inauguração.
 - Você vai ficar bem filho?
 De imediato respondeu:
 - Vou sim mãe, pode ir.


 Acostumado com imediatismo teve de esperar. Então resignou-se.
 - Você demorou hein! Eu marquei para às duas.
 Eram duas e dez.
 - É que tive de ligar para minha mãe.
 Ficou então a pequena obra de arte sob a guarda do anjo. A última coisa que pensariam naquelas horas seria o livro de Ciências Sociais.
 Agarraram-se com fome um do outro. Juventude, bocas se encaixavam em mordidas. Pudores iam embora.
 E para ela não foi tão bom, doeu um bocado. Mesmo assim deu para ele por mais três meses. Até nosso anjo enjoar.


 Comeu então praticamente a população feminina da sala. A população feminina bonita.
 Alguns fantasiavam que ele havia papado até a professora de Biologia, a deusa!


 Gabriel completou dezesseis.
 Começou a expandir território. E numa voada pelo corredor da biblioteca pousou os olhos numa infeliz.
 O nome da infeliz era Nadine.
 Infeliz; porque quando Nadine tirou os olhos do livro e viu o anjo, fodeu tudo.
 Infeliz; Nadine era a namorada do Paulinho, lembra dele?


 3 - Caso complicado


 Nem nosso anjo lembrava do Paulinho, então passou a investir em Nadine. Sorrisos e bilhetes, quatro dias depois ela se desmanchou; daí veio a bomba.
 - Eu namoro.
 E daí!? Gabriel pensou mais de uma vez na pergunta que martelava seu ego.
 E daí!?
 Elucidou o caso com a manjada frase:
 - E daí!?
 A moça, uma romântica frustrada, o olhou e se perguntou.
 "Vale a pena?"
 E então, então largou do Paulinho.
 Que disse:
 - Mas eu te amo Nadine!
 E de Nadine saiu a equação simples:
 - Gosto de outro.
 E se foi deixando um poço de tristeza para trás.


 Como era linda Nadine. Gabriel tentava a todo custo ver sua beleza nua.
 - Ainda não.
 Ficou com cara de taxo. Como é que ela negava?
 Mas a queria de qualquer jeito.
 - Tenho vergonha do meu corpo.
 Ele não acreditava, vergonha? Daquele corpaço? Gabriel pensava.
 "Será que é amor? Por quê a espero tanto?"
 As respostas para estas perguntas viriam em seu aniversário.
 Ela chegou com um embrulho nas mãos.
 - Meu presente pra você.
 Ele abriu rápido, era um livro. Ela perguntou:
 - Você não lembra?
 Ele deu de ombros. Ela ficou um pouco triste.
 - Era o livro que eu lia na primeira vez que nos vimos.
 O anjo nem se lembrava.
 - Não sou muito de ler.
 Nadine tentou insistir:
 - Desse você vai gostar.
 E viu que os olhos de Gabriel passeavam pelos seus seios.
 - Tudo bem então.
 Mesmo chateada foi dar para ele a primeira vez. Enquanto entravam no quarto ele pensou.
 "Isso sim é que é presente!"


 - Acende a luz linda!
 Ela respondeu:
 - Tenho vergonha.
 Beijo daqui, mordida dali, palavras no ouvido e a luz foi acesa.
 Ele estava à cinco passos dela. Redobrou sua dureza quando a viu.
 "Valeu a pena esperar."
 Intrigado perguntou:
 - Do que você tinha vergonha?
 Ela ruborizou e se virou.
 Suas costas eram marcadas; marcadas de ferimentos sobre ferimentos.
 - Ele dizia que me amava. Que éramos um do outro.
 Gabriel espantou-se.
 - Seu ex que fez isso? Puta merda!
 Ela cobriu-se com o lençol.
 - Estou horrível, não é?
 Noite perdida? Nem pensar.
 - Não. Não está nem um pouco.
 Virou ela e começou a beijar de leve suas costas.
 O que ela não sabia é que ele mantinha seus pensamentos na dadivosa bunda, abaixo das marcas.


 Agora a resposta das perguntas.
 Porquê ele a esperava tanto?
 Resposta fria: para possuí-la.
 Será que ele a amava?
 Não vamos ser idiotas; no outro dia já queria terminar com ela.
 É aí que Paulinho retorna em cena.


 - Não dá mais Nadine.
 Ela ficou chocada.
 - Como assim...?
 Vamos nos poupar das baboseiras que Gabriel inventou; o fato é que Paulinho passou na rua justo neste momento.
 - É por este merda que você me trocou!!??
 Ela não pôde responder, o primeiro soco foi para ela.
 "Tomara que ele não me acerte na cara."
 Pensamento do modelo ao ver a montanha humana se aproximar.
 E foi na cara que ele levou mas não muito. A polícia estava por ali, justo quando Paulinho puxava a faca para mandar nosso anjo para o céu.
 Ou para o inferno.


 Na delegacia retornamos a algo já conhecido.
 - Ela é ex-namorada dele, ele batia nela e tentou me matar.
 Blá, Blá.


 Esperando pela liberação da polícia estava sentado numa cadeira. Nem percebeu quando Nadine sentou-se ao seu lado.
 - Então é isso? Vai me largar?
 Ele ficou vermelho.
 - Eu te amo mesmo anjo, de coração.
 Ele quieto.
 - Ouviu? Eu te am...
 O policial cortou.
 - Está liberado senhor Gabriel.
 Nem se despediu de Nadine. Saiu com os olhos roxos da delegacia para começar sua etapa adulta.
 O Paulinho que já era adulto mofou um tempo na prisão.


 4 - O pacote


 Curou o rosto. Em tempo recorde estava novamente fazendo comerciais. Com vinte anos continuava ganhando rios de dinheiro.
 E mantinha casos com celebridades famosas. Fez a festa no elenco feminino das emissoras.
 Nada podia acontecer de errado mas aconteceu.


 Recolhia sua correspondência na caixa quando viu um estranho pacote.
 Um embrulho bem feito com um cartão. Abriu o cartão de mensagem simples.
 "Se lembra?"
 Piada. Só podia ser piada. Subiu as escadas da entrada de sua mansão.
 "Quem mandou?"
 Então na sala foi abrindo o pacote, haviam algumas camadas de tecido enrolados em algo.
 Notou um líquido escarlate ao fundo. Então abriu de todo.
 "Boa piada."
 Pegou a coisa e aproximou do rosto para ver melhor.
 "Parece de verdade."
 O cheiro não mentia, era um cheiro de carne estragada. E ele aproximou, ele pegou, meu Deus!
 Jogou longe o repugnante presente. Um dedo de mulher.
 Então, o telefone tocou.


 Em choque; atendeu. O sisudo policial perguntou antes que Gabriel pudesse falar:
 - O senhor conheceu Nadine Alencar?
 "Nadine?"
 - Esta jovem desapareceu há dois dias. A mãe está aflita.
 Seu olhar fitava o dedo ao chão. O policial continuou.
 - Achamos fotos do senhor com ela.
 O policial fitava o rosto espantado de Gabriel.
 - Também temos informações que Nadine namorou Paulo Botelho.
 "Paulinho? É; foi ele."
 Pensava Gabriel unindo peças. Dedo no pacote = morte horrível. O policial disse:
 - Um sujeito de alta periculosidade. Fugiu da cadeia alguns dias atrás.
 "Fugiu? Porra! Porra! Porra!"
 - Peço que o senhor nos ligue se tiver alguma informação.
 E foi embora dizendo:
 - E senhor Gabriel...
 Gabriel soltou:
 - Hã?
 O policial taxativo:
 - Cuidado.


 Pegou uma espátula da cozinha para recolher o dedo, colocou em choque o dedo na caixa.
 Lembrou-se então de Nadine, a linda, sangrando até a morte. Temeu por sua vida angelical.
 Recobrou-se e então, ligou para a polícia.
 - Meu Deus! É horrível, mandaram algo pra mim!!!


 Ficou um tempo recluso, recusava-se a pegar a correspondência. Paulinho não foi preso e Nadine não foi encontrada.


 Chegou então uma entrega especial para ele, assinou a entrega e pediu para o mordomo abrir.
 - É um livro senhor.
 Gabriel pegou o livro nas mãos. Dentro havia um bilhete.
 "Lembre-se. Receberá o resto depois."
 O anjo achou o livro familiar.
 No mesmo dia recebeu uma mão direita em outra entrega.
 "Para combinar com o dedo."
 Dizia o bilhete. Ainda havia uma frase no livro em língua estrangeira.
 Parecia francês.


 5 - Da idolatria do Marquês¹


 Diante deste escândalo sem igual a imprensa se agitou. Nosso anjo gostaria de ter asas e sumir por uns tempos.
 Tinha pesadelos horríveis com Paulinho.
 A polícia esperava encontrar o cadáver da moça mutilada.


 E então, prenderam o Paulinho.


 Encontraram-no em sua antiga casa. Ele resistiu à prisão e mandou dois policiais para o hospital.
 - Sou culpado só de fuga.
 O interrogatório foi longo.
 - Onde ela está?
 Ele surpreso.
 - Não sei.


 Na casa de Paulinho encontraram chicotes, algemas entre outras ferramentas de sadomasoquistas. Nenhuma evidência ou mancha de sangue comprometedora.


 - Você gostava de bater nela seu pervertido.
 Ele nada respondia.
 Na delegacia soou o telefone. Alguém havia encontrado Nadine.


 Dois dias atrás fora encontrada em uma casa abandonada. Os vizinhos do local ouviram gritos de mulher.
 Estava magra. Os ferimentos estavam infeccionados. Gritava:
 - Meu anjo, venha me buscar!
 Foi encaminhada para o hospital como uma pária. Estava mantida sedada. Tinham certeza de um grande choque pós-traumático.
 Eis que um enfermeiro andando pela rua a reconheceu nem cartaz de desaparecidos.
 A polícia chegou rápido e a única frase que ouviram da boca dela foi:
 - Eu quero ver Gabriel!


 Diante da notícia e do pedido, Gabriel ficou paralisado. Pensou com pavor.
 "Eu devo isso a ela, aquele doido a pegou e a fez sofrer por minha causa."
 E rumou para o hospital.


 Ela estava em um quarto escuro e frio. O saudou da porta.
 - Você veio. Meu anjo.
 Estático via a moça sentada na cama e sussurrou:
 - Estou aqui Nadine.
 Ela ligou o abajur.
 - O que aquele desgraçado fez com você foi culpa minha.
 Gabriel despejou a frase com raiva enquanto olhava a bela mutilada.
 Súbito começou a chorar.
 Ela fez sinal para que ele se aproximasse. O anjo sentou ao lado dela.
 - Você continua lindo. Como sempre senti em meu coração.
 Sim; ela ainda o amava.
 Chorou então no ombro de Nadine com vergonha. Uma dolorosa vergonha.


 Na delegacia continuavam as perguntas para Paulinho.
 - Que frase é essa, seu doente?
 O policial mostrava o livro que Gabriel recebera pelo serviço de entregas. Paulinho olhou com cuidado o título.
 "Justine"
 - Que frase?
 Ele perguntou olhando o policial. Este riu e disse:
 - No final do livro, você sabe muito bem. Sabemos que sua mãe era descendente de franceses e falava bem a língua.
 Paulinho pegou o clássico livro do Marquês de Sade e começou a folhear.
 - Você batia mesmo nela, não é? Achamos seu pequeno arsenal em sua casa.
 Paulinho parou na página da frase.
 - Esta frase quer dizer "sou tua, meu anjo". E saibam. Se eu batia é porque ela gostava!


 - Você leu o livro?
 Limpando as lágrimas Gabriel respondeu:
 - Que livro?
 Ela começou a falar alto.
 - Que livro!?
 Seu rosto estava transtornado.
 - O livro que eu lia quando te conheci, o livro que te dei de presente na nossa noite de amor.
 Ele não entendia.
 - Calma Nadine, você está nervosa. Me diga o que eu faço pra te acalmar?
 Ela abriu os braços.
 - O que fazer pra me acalmar?
 Gritou.
 - Me ame. É isso que eu quero, me ame!
 De repente baixou o tom de voz. Falava para si mesma.
 - Eu sei que sou doente, afinal, porque namorar um idiota como o Paulinho? Pelo menos ele ajudava com minha doença. Aí encontrei um anjo e pensei que ele ficaria comigo.
 Gabriel tentou segurá-la.
 - Não. Me solta!
 Ela se levantou e apontou pra ele.
 - Você não me ama e eu sou tua! Fiquei anos pensando em você e vi sua ascensão.
 O rosto treme.
 - Eu tinha de fazer você se lembrar de mim!
 Gabriel estava com medo daquela mulher que desconhecia. Murmurou.
 - O que você fez?
 Ela disse então a terrível verdade:
 - Você cortou meu coração, cortar um dedo, cortar minha mão. Não é nada!
 Gabriel ficou com o olhar vago.
 - Pra você lembrar mandei até o livro. Nem assim você lembrou.
 Ela gritava.
 - Sempre pensou em você, sempre!
 Ele começou a balançar a cabeça.
 - Foi você o tempo todo? Eu me preocupei, eu chorei com pena e vergonha e foi você o tempo todo?
 Gritou:
 - Sua; sua retardada!
 A moça agora chorava e ele atacava:
 - Você quase acabou com a minha carreira, você entende isso? Sua doente mental!
 E andava pelo quarto soltando fúrias.
 - Pelo amor de Deus; se queria morrer porque não cortou os pulsos!?
 Ela o segurou pelo braço chorando.
 - Eu só queria ficar perto de você...
 Ele se solta.
 - E se cortou achando que eu fosse te amar? Estou é com raiva! Eu vou contratar tantos seguranças que você nunca mais, escute bem, nunca mais chegará perto de mim. Sua psicótica!
 Foi saindo do quarto quando ouviu:
 - Você não pode fazer isso comigo meu anjo.
 Foi em direção a ela. Rápido lhe agarrou os braços.
 - Posso e vou! Eu não acredito. Eu só dormi contigo uma vez e você ficou assim!
 Ele se aproximou do rosto de Nadine e cuspiu entre os dentes.
 - Olha bem. Olha! Você nunca mais vai ver este rosto.
 Com a mão livre ela apanha algo embaixo do travesseiro. Fala olhando nos olhos dele.
 - Eu sei disso.
 Rapidamente abre três grandes talhos no rosto de Gabriel com o bisturi.
 - Fui a última a ver um anjo e mostrar sua verdadeira face de monstro.
 Enquanto ele grita no chão levanta mais uma vez o bisturi e rasga por inteiro sua própria garganta.
 Com o olho que lhe restou ele vê a bela morena com os seios nadando em sangue.


 Os comerciais acabaram, acabou sua projeção.
 Era um ex-pedaço de mau caminho com o olhar perdido no espelho. Não reconhecendo o monstro que lhe olhava.

 E seu pedaço de mau caminho foi quando recebeu o olhar de Nadine a primeira vez.







Extras e referências:


1 - 






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